Publicado em: 06/06/2018 14h29 – Atualizado em 08/06/2018 08h01
O preço a pagar
A greve dos caminhoneiros, que tantos transtornos trouxe à população, deixa como legado uma necessária reflexão quanto à vulnerabilidade do País ante a necessidade de atender reivindicações que se revestem de legitimidade, porém potencialmente comprometedoras no que se refere às já combalidas contas públicas.
Cabe questionar: até que ponto o caráter populista das concessões por parte do governo federal revelam certa irresponsabilidade no que tange ao remanejamento de verbas de setores fundamentais para suprir o custo das medidas adotadas para conter o movimento grevista?
Resta evidente que os verificados prejuízos da indústria, do comércio e do agronegócio estão sendo ou serão repassados aos consumidores. Independentemente de políticas de preços e de desconto no litro do diesel, verifica-se que o valor do álcool e da gasolina nas bombas continua elevado para a maior parte dos que se utilizam de veículos.
O resumo desta ópera-bufa é que a Nação não está preparada econômica e socialmente para lidar com situações-limite como a das últimas semanas. A constatação é de que tal quadro resulta de incompetência e negligência com os recursos públicos, o que pode ser comprovado pelos constantes episódios de corrupção nos quais políticos estão envolvidos.
Fica evidenciada a necessidade de um processo de depuração, a partir das ações no âmbito judicial, e cujo complemento, em tese, adviria das eleições gerais deste ano. Contudo, a descrença e a revolta de considerável parte da sociedade podem colocar em risco uma desejável consolidação de nosso regime democrático.
Quantas greves de tal porte serão mais necessárias para tornar visível o que algumas pessoas não querem enxergar, principalmente nas administrações públicas? Certo é que, com a maioria dos atuais governantes, soluções para entraves como os enfrentados somente se tornarão possíveis à custa de mais sacrifícios. Nossos, infelizmente.
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