Leandro Povinelli
[email protected]
No dia 30, um trabalhador do campo de obras do bairro Campo Bonito, identificado como Evaristo Alves Soares, de 32 anos, foi morto a tiros por um dos seguranças que trabalhavam no local, funcionário de uma empresa terceirizada.
De acordo com informações, houve, no dia anterior, uma discussão entre as partes, gerando o assassinato. Após o crime, o atirador, já reconhecido como Adão Paulino dos Santos, de 44 anos, fugiu e, até o fechamento desta edição, ainda não foi localizado.
A ocorrência teve início com um chamado da Guarda Civil de Indaiatuba, que lá chegando, se deparou com a vítima caída ao solo nas proximidades do alojamento de trabalhadores, já em óbito.
Em contato com uma das testemunhas, os patrulheiros foram informados de que, no dia anterior, no sábado, dia 29, a vítima teria chegado embriagada aos alojamentos, chutando todas as portas, motivo pelo qual foi repreendido pelo segurança, que nada fez devido ao estado da vítima.
No dia seguinte, porém, quando houve o assassinato, Adão foi tirar satisfações com a vítima, momento em que ambos começaram a discutir. Em determinado ponto da briga, conforme relatado pela testemunha, Evaristo teria dado um tapa no rosto do segurança, que sacou a arma e atirou no trabalhador enquanto o mesmo tentava fugir.
Após o crime, o segurança fugiu do local e, com a chegada do Setor de Investigações Gerais (SIG) da Polícia Civil, diversas informações foram levantadas, fazendo com que os agentes chegassem até a residência do suspeito, no Jardim dos Colibris, encontrando apenas o carro utilizado na fuga.
Em nota oficial divulgada à imprensa, a Construtora Funchal, responsável pela obra, afirmou lamentar o ocorrido. “A empresa se solidariza com os familiares do trabalhador falecido, contratado terceirizado, e informa que está à disposição da Polícia para colaborar com as investigações. A Funchal esclarece que ambos os funcionários envolvidos no incidente estavam fora do horário de trabalho. A empresa também informa que os vigias do alojamento nada puderam fazer para evitar a desavença entre os dois funcionários, uma vez que trabalham desarmados”.
Revolta
Após o crime ocorrido, todos os outros trabalhadores do local resolveram paralisar os trabalhos, deixando os alojamentos e permanecendo em colchões colocados ao lado de fora do canteiro de obras. Além disso, houve a depredação de alguns imóveis, que foram quebrados e incendiados pelos trabalhadores.
Questionado, um dos funcionários, que preferiu não se identificar, relatou à Tribuna que as condições de trabalho são “precárias” e que ninguém mais retornaria às funções. “Nós trabalhamos direto, comemos muito pouco e ainda temos que dividir apenas um cômodo com cerca de dez pessoas”, disse. “Nossas necessidades, geralmente, fazemos no meio do mato e, agora, como se não bastasse tudo isso, ainda acontece um assassinato aqui. As coisas estão muito precárias, queremos ser tratados como gente, com respeito e dignidade”.
A construtora, por sua vez, ressaltou que está em conformidade com todas as normas de segurança do trabalho e certificações da construção civil, afirmando que as referidas denúncias são infundadas, haja vista que todos os seus funcionários e os das empresas subcontratadas encontram-se devidamente registrados. “A empresa é certificada nas normas ISO 9001 (desde 2001) e no PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitar, desde 2012) validados pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)”, relatou em nota.