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Adriana Brumer Lourencini
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A economia brasileira neste início de ano não demonstra cenário muito favorável. As notícias de demissões em massa na indústria automobilística, divulgadas nesta semana, afrouxaram ainda mais os ânimos.
Depois do Natal mais fraco dos últimos nove anos, onde as vendas apenas empataram com as de 2013, as liquidações podem ser as únicas aliadas dos lojistas.
Para o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Indaiatuba (Aciai), Jair Sigrist, as expectativas estão em baixa e poucos comerciantes estão com promoção. “Por enquanto, vamos aguardar as próximas medidas políticas”, diz.
Eva Maria Araújo, proprietária da Eva Maria Store, está entre os lojistas com itens em liquidação. “Todas as unidades estão com descontos de 30% a 50% sobre o estoque do ano passado. Creio que o principal fator de queda nas vendas do varejo foi o volume de viagens realizadas pelos consumidores”, conta Eva. Ela declara ainda que o começo do ano não foi tão bom quanto esperava, mas acredita no aquecimento futuro da economia. “Acima de tudo sou uma pessoa otimista”, revela.
Dentro da tendência de promoções no início do ano, o Magazine Luíza realizou, no dia 9, sua tradicional Liquidação Fantástica, que abrangeu 757 lojas em todo o País, com descontos de até 70% em eletrodomésticos, eletrônicos, móveis etc.
Em Indaiatuba, a mega-liquidação provocou filas em suas duas unidades, na Praça Dom Pedro e no Polo Shopping. O público começou a chegar já na quinta-feira (8), e passou a noite em frente às lojas para conseguirem as melhores oportunidades de compra.
A ação é promovida há 21 anos, e mudou o calendário do varejo nacional, transformando janeiro no terceiro melhor mês para o setor, perdendo apenas para os períodos do Dia das Mães e do Natal.
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Está aberta a temporada das famosas liquidações de início de ano do varejo. Porém, com elas, vêm as contas próprias da época, como IPTU, IPVA, material escolar e a fatura do cartão de crédito, que não deixam o consumidor se esquecer dos gastos de Natal. Mesmo com ofertas tão tentadoras, é bom lembrar que compras por impulso desequilibram o orçamento e podem levar as pessoas ao superendividamento.
Antes de ir às compras, o consumidor deve dar prioridade ao pagamento das dívidas assumidas no final do ano passado, assim como às contas fixas (impostos) de janeiro, e ver se há folga no orçamento, orienta Júlio Leandro, superintendente do SerasaConsumidor. “É necessário fazer as contas e relacionar as dívidas que já carrega para 2015. Para isso, o uso da planilha de orçamento doméstico é um excelente meio de controlar as finanças na ponta do lápis”, ressalta. O site disponibiliza o modelo de planilha no link: www.serasaconsumidor.com. br/planilhafinanceira.
Para quem fez um planejamento prévio, se preparando para as liquidações de queima de estoques, Júlio também aconselha uma avaliação do que é realmente necessário e vantajoso. “Fazer uma lista dos itens que precisa comprar irá evitar gastos por impulso”, sugere o superintendente.
Uma recomendação importante, e que pouca gente se dá conta na euforia dos descontos, é a proteção contra golpes. “O cidadão precisa estar seguro ao comprar um produto que será entregue posteriormente para não se tornar vítima de fraudes, como receber algo inferior no lugar do que foi comprado ou, pior, ficar sem nenhuma mercadoria”, alerta Júlio. Antes de fechar negócio, o consumidor pode consultar a situação financeira da empresa, por meio da pesquisa do CNPJ no VocêConsulta Empresas, www. serasaconsumidor.com.br.
As regras acima também valem para as compras online. Nesta época do ano há uma enxurrada de e-mails com ofertas-relâmpago, uma tática de marketing que favorece as compras por impulso. A internet oferece ainda uma grande vantagem: a pesquisa e comparação de preços, tanto para lojas virtuais quanto físicas.
Reflexão
Para quem não consegue resistir à tentação das promoções, Júlio chama a atenção para a ‘pegadinha’ dos descontos milagrosos, que também podem ser golpes. Verifique se o estabelecimento é bem conceituado; analise prazos e política de troca e cancelamento. Vale reforçar o cuidado ao usar o cartão de crédito. “Ele dá a falsa sensação de que não estamos gastando. É ilusão, já que esta modalidade de pagamento possui os juros mais altos do mercado”, finaliza o superintendente.