2.6 C
Munique

7534 No Diva Dia 11 De Maio

Leitura obrigatória



Home › Notícias › No Divã › No Divã – Dia 11 de Maio  
No Divã – Dia 11 de Maio



Compartilhe:
Tamanho do texto: AAAAAA
Publicado em 13/05/2013 às 16h52Paulo Antolini – [email protected]
Pais Heróis



Ao falar “pais” estou me referindo a ambos, tanto o pai como a mãe. Portanto, pai herói, mãe heroína. Há uma insatisfação generalizada de pais com seus filhos, insatisfação essa que leva a cobranças, veladas, indiretas ou mesmo declaradas, na manifestação do “Você não reconhece o que faço por você”; “Cadê aquele filho que criei com tanto amor?”. Quando mais discretas, “Ah, você não vai poder passar por aqui, pensei que viria.”



Há uma fase que os filhos, crianças ainda, vêm seus pais como verdadeiros heróis, período onde são os ídolos e, portanto, são admirados e recebem manifestações diretas desses pequeninos, deixando esses pais envaidecidos e orgulhosos de si mesmos pelos filhos que têm.



O tempo passa e as crianças crescem. As manifestações de amor já não são da mesma forma. Já adolescentes os pais são substituídos por outros ídolos, o que antes era por parte dos filhos concordância quase que total, agora há forte questionamento sobre as ideias defendidas pelos adultos.



Os filhos já não tem no núcleo familiar o centro de suas vidas. Eles desenvolveram círculos próprios com amigos, amigas, namorados, namoradas com as quais buscam passar a maior parte do tempo. Nesse momento os pais já instalaram um forte sentimento de rejeição, também se sentem injustiçados e incompreendidos pelos filhos. Aqui tem origem também um forte círculo vicioso: os filhos estão mais afastados, os pais cobram e os filhos se afastam mais e mais os pais reclamam e assim sucessivamente.



A afirmação “eles me tratam como se eu fosse ninguém” é muito comum. “É como se eu não mais existisse na vida deles” é outra forma de dizerem, mas estão expressando o quanto se sentem rejeitados e afastados, o que não significa que seja verdade. A única verdade é o sentimento dos pais, mas não que seja a conduta dos filhos. É lógico que alguns filhos realmente agem assim. Mais um tanto, quanto mais se sentem cobrados mais se afastam, reforçando o sentimento dos pais, mas a grande maioria apenas está cuidando da própria vida.



O fato de não serem mais o herói de antigamente, de não serem mais o modelo de ídolo que antes representavam não significa que não são mais amados, não significa que seus filhos não sintam mais orgulho dos pais que têm, mas o que acontece é a quebra nos pais do sentimento exposto acima: “envaidecidos e orgulhosos de si mesmos pelos filhos que têm”.



Quando os pais sentem-se envaidecidos e orgulhosos dos filhos que têm, tudo muda e a relação pais filhos fica muito mais satisfatória. Não mais se sentem rejeitados e nem os acusam de indiferença.



O sofrimento que os pais se impõem nessa distorção de conceitos e erro de interpretações em relação ao comportamento dos filhos é imenso, porém como podemos ver injustificado. E pior, causa de um distanciamento que não existiria se os pais enxergassem seus filhos como seres independentes, e se não precisassem deles para elevar a autoestima.



Mas aviso que não é fácil aceitar que isso possa estar ocorrendo conosco. O raciocínio comum é: “pode ser com os outros, mas eu não tenho essas necessidades. Meu problema está com meus filhos mesmo”.



Assumir que gostaríamos que nossos filhos estivessem mais tempo conosco não significa fraqueza ou dependência. Reconhecer os espaços dos filhos, compreender que agora andam com suas próprias pernas e pelos seus próprios caminhos é respeitá-los em suas vidas.



Outra dificuldade dos pais é admitirem que há entre os seres humanos algo que chamamos afinidade. Não ter afinidade não significa não amar. Toda relação em que a cobrança se faz presente, o distanciamento é a mola à espreita do momento para ser acionada.



Cada um tem que ser herói apenas para si mesmo. Não se deve esperar dos outros para que o auto reconhecimento ocorra. Se você está se sentindo desprestigiado pelos seus, comece uma autoanálise sobre como está se vendo, se portando e a partir dai, altere o que se faz necessário.



E os filhos? Criem momentos agradáveis e desfrute-os quando acontecerem.

Compartilhe:
Tamanho do texto: AAAAAA




Comentários (0)

- Advertisement -spot_img

Mais artigos

- Advertisement -spot_img

Último artigo