Adriana Brumer Lourencini
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Atualmente, as redes sociais se configuram como ferramenta essencial na vida moderna e são boas aliadas quando utilizadas para informação, divulgação de notícias e eventos, busca de pessoas e serviços, além de se atualizar sobre acontecimentos. Entretanto, no que se refere à exposição pessoal, a situação piorou. A cada dia mais usuários expõem a si mesmos, aos amigos e parentes, e até contatos em segundo e terceiro grau, através de informações cotidianas e banais, que podem cair nas mãos de desconhecidos.
É praticamente impossível deter a expansão das redes sociais, já que não existem limites para a informação, e o comportamento nesse universo pode até levar a uma demissão ou eliminação do candidato em uma vaga de emprego. O diretor executivo da Innovia Training e Consulting, Ricardo Barbosa, afirma: “o que você coloca em suas redes sociais pode ter reflexo em sua vida pessoal”.
O executivo comenta ainda que as empresas vêm observando com mais frequência os perfis dos profissionais, tanto na hora de contratar, como durante a permanência no cargo. De acordo com Barbosa, as empresas não estão interessadas em obter informações que tenham a ver com o trabalho, mas sim, posicionamento político e religioso, manifestações de intolerância ou preconceito e vínculo com torcida organizada.
“Fotos constrangedoras também entram na lista. Imagens de bebedeiras, baladas e ‘pegação’ podem trazer consequências negativas para a imagem de um profissional’, diz Barbosa. “Não nos cabe julgar o estilo de vida das pessoas, porém, vivemos um momento em que o compartilhamento de informações é muito rápido, e com isso também é muito fácil ser visto e ser alvo de entendimentos errôneos”, complementa.
É fundamental ter bom senso sobre o que postar. “É preciso ter consciência do impacto de suas ações”, alerta Barbosa. “Coloque na balança os pontos positivos e negativos da postagem; essa é a única forma de garantir que o conteúdo postado não irá interferir no lado profissional. Hoje, as pessoas têm acesso ao que você faz 24 horas – por isso, preserve sua imagem”, explica.
Perfis na peneira
Adicionar ou não superiores é um ponto bastante complexo. Ricardo Barbosa recomenda a postura passiva, ou seja, espere o convite do chefe. “O não aceite da solicitação de amizade pode ser levado como uma ofensa, ou com o fato de quem tem muito a esconder”, ressalta. Para quem não quer adicionar, o executivo orienta deixar claro, de forma indireta, que não gosta de ter colegas de trabalho nas redes sociais. “Uma boa saída é possuir dois perfis: o pessoal e o profissional, o que não é uma garantia, pois sempre haverá os que vão querer participar das duas redes, e os que irão acessar todas. Sendo assim, a postura preventiva é a melhor saída”, garante.
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Embora os riscos da alta exposição pessoal nas redes sociais sejam amplamente divulgados, muitos postam informações íntimas sem o menor critério ou cuidado. Principalmente crianças e adolescentes, pela maior fragilidade, se tornam alvos de pedófilos e pessoas inescrupulosas.
Sobre a necessidade de as pessoas publicarem online tudo o que fazem, o psicólogo Paulo Antolini esclarece que “vivemos uma época em que as pessoas não são mais reconhecidas e respeitadas como seres humanos; então, esse reconhecimento vem através do destaque e projeção que elas ganham nas redes sociais”.
Apesar dos perigos explícitos da divulgação de dados, as pessoas parecem não ter noção exata da dor de cabeça que um simples comentário no post do amigo pode gerar. “Ainda impera a ‘visão cor de rosa’ de que as coisas ruins passam ao meu lado sem que eu seja atingido”, re-vela o psicólogo.
“Uma grande parcela dos internautas nem imagina essa possibilidade. Quando algo acontece, costumam dizer ‘por que eu?’; então, ocorre uma paralisação emocional e completa incompreensão”, finaliza.