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Adriana Brumer Lourencini
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Há cerca de uma semana, a analista de sistemas Viviane Gomes, 35 anos, e seus pais sofrem com a invasão de mosquitos da dengue em sua casa, no Centro. O foco está na piscina da residência vizinha, que atualmente se encontra fechada. Com as chuvas dos últimos dias, a situação se agravou. A família Gomes virou refém do inseto transmissor, inclusive, a mãe e a irmã de Viviane sofrem com os sintomas da doença.
“O problema surgiu há aproximadamente três meses, quando fizemos uma denúncia à prefeitura. Os agentes vieram, tiraram fotos, mas nada foi feito”, conta Viviane. “O caso piorou no final de semana retrasado, por causa das chuvas que fizeram com que mais água ficasse acumulada na piscina. Para piorar, minha irmã Vânia acabou contraindo a dengue no final de semana, durante uma visita”, relata. Dona Antônia, 69 anos, mãe de Viviane, disse que começou a se sentir muito mal na segunda-feira, dia 9, e que teve febre e fortes dores pelo corpo. “Nunca havia me sentido assim antes; a gente pensa que é uma doença boba, mas se engana – o mal estar é terrível, ficamos imprestáveis”, lamenta Dona Antônia. Os familiares de Viviane constataram a dengue através de exame realizado em um laboratório particular, porém, segundo informações apuradas pela nossa equipe, a Prefeitura só reconhece o diagnóstico realizado com certificado do Instituto Adolfo Lutz.
Reféns
Hoje, os moradores da Rua Padre Manoel da Nóbrega estão literalmente presos em casa, de portas e janelas fechadas, com medo da infestação do Aedes aegypti. “No domingo, quando fui tirar o carro, surgiu uma nuvem de mosquitos e fiquei apavorada, e desde então, entramos em ‘operação de guerra’ – tudo completamente vedado até segunda ordem”, revela Viviane. “Na sexta-feira, fiz nova denúncia e no mesmo dia os agentes vieram e aplicaram cloro 65%; entretanto, informaram que esta é apenas uma medida preventiva que deve durar, no máximo, dois meses.”
A casa vizinha à de Viviane está vazia há oito meses e ela não tem contato com os proprietários. Segundo ela conseguiu apurar, um agente da Vigilância Epidemiológica entrou em contato com a dona da casa, que declarou ter contratado um caseiro para efetuar a limpeza e manutenção do imóvel, mas o serviço não foi executado.
Controle intenso
A Secretaria da Saúde, por meio do Programa de Controle da Dengue, alerta a população indaiatubana para a prevenção da doença, através de medidas preventivas de proliferação do mosquito transmissor. Além da dengue, as pessoas devem ficar atentas à febre Chikungunya, especialmente quem viaja para outras localidades.
De acordo com Odenir Sanssão Pivetta, coordenador do Programa de Combate a Dengue, é o começo da estação chuvosa e quente, que acelera o metabolismo do ciclo de vida do ovo até o mosquito adulto (alado). “São apenas sete dias, é diferente da época em que as temperaturas são mais amenas que o ciclo demora de 10 a 15 dias. Nossa orientação para as pessoas que viajarão no carnaval, não deixar objetos nos quintais que possam acumular água das chuvas”.
Pivetta chama atenção também de moradores de imóveis com piscinas fixas: “Os proprietários devem solicitar aos parentes ou pessoas de confiança para tratarem as piscinas com cloro semanalmente”. Quanto aos animais de estimação, o coordenador orienta aos tutores não abandoná-los na casa, se forem viajar. “Eles devem ser deixados em casa de parentes, ou sob os cuidados de alguém que possa visitá-los duas vezes ao dia, trocar a água e lavar o bebedouro, assim como recolher as fezes.”
Caso haja visita de pessoas de outra cidade, Estado ou país, que estejam com sintomas da dengue, estas devem ser encaminhadas a uma Unidade de Saúde, e não fazer uso de qualquer medicamento sem orientação médica. É importante ainda informar ao profissional a localidade onde a pessoa com suspeita da doença esteve nos últimos 14 dias. Febre alta (de dois a sete dias), e o conjunto de duas ou mais manifestações, como: náuseas, vômitos, dor muscular, dores nas juntas, dor de cabeça e atrás dos olhos, ou manchas vermelhas pelo corpo.
Já em 2015, Indaiatuba registrou seis autóctones confirmados, cinco importados residentes, três importados não residentes, um positivo indeterminado e dois positivos em investigação, e 37 aguardam resultados de exames.