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Mariana Corrér
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Indaiatuba já confirmou 34 casos de dengue neste ano. Outros 102 pacientes com suspeita da doença ainda aguardam resultados de exames. Entre os confirmados, 18 casos são autóctones (contraídos na própria cidade), oito são de moradores da cidade que contraíram a doença fora daqui, sete são importados, um é indeterminado e outro inconclusivo, além de 12 descartados, totalizando 149 notificações em 2015.
Para controlar o número de casos, a Vigilância Epidemiológica, da Secretaria Municipal de Saúde, tem atividades preventivas programadas para este mês. Nos domingos, dias 8 e 15, acontecerão mutirões por vários bairros da cidade, em conjunto com mais secretarias municipais, para limpeza de residências.
Em entrevista coletiva à imprensa realizada na quarta-feira, dia 4, o secretário da Saúde, José Roberto Stefani, junto do coordenador do Programa de Combate à Dengue, Odenir Sansão Pivetta, e do agente de saúde do Programa, Ulisses Bernardinetti, lembrou que o serviço sistematizado de monitoramento e controle de Indaiatuba é referência na região e no país e, por isso, garante que a cidade esteja apenas em estado de alerta, enquanto municípios próximos já estão com epidemia da doença.
Mesmo com o trabalho intenso de prevenção, que inclui visita às residências em bairros onde houve notificações da doença; campanhas de conscientização; e medidas de combate; a Vigilância não descarta aumento nos casos. “Estamos nos preparando para não entrar em estado de atenção, que é quando são registrados 150 casos para cada 100 mil habitantes, ou seja, 300 casos em Indaiatuba”, alerta Bernardinetti.
O maior número de casos começa a aparecer entre abril e maio, já que os mosquitos nascidos no verão começam a picar nessa época. Com o objetivo de não chegar ao pico de disseminação nos próximos meses, as equipes pedem colaboração da população para eliminar criadouros. “Infelizmente, vemos que ainda é comum nossos agentes encontrarem larvas do mosquito em locais como piscinas não tratadas, pratos de plantas e bebedouros de animais domésticos durante as vistorias”, destaca o secretário.
Entre janeiro e fevereiro, agentes visitaram 506 quarteirões do município. “Fizemos um total de 151 coletas de larvas, todos em imóveis habitados”, lamenta Ulisses. “Em outra vistoria realizada semana passada no Jardim Carlos Aldrovandi, onde temos hoje um caso confirmado e cinco suspeitos, retiramos 50 sacos de 100 litros de criadouros de larvas de casas e terrenos”, acrescenta, ressaltando que o comportamento da população é fundamental para esse assunto.
Diante disso, a Prefeitura fez uma pesquisa, em 2013, para saber como estava a conscientização dos indaiatubanos. “Entrevistando mil pessoas, constatamos que 90% sabia de onde se originava a dengue, o que fazer para prevenir etc, mas, muitas vezes, não agem de acordo”, diz o agente. “Ainda estamos procurando um meio de colocar a cereja nesse bolo”.
Força-tarefa
As equipes do Programa de Combate à Dengue conta com a parceria com funcionários da Secretaria Municipal de Urbanismo e do Meio Ambiente (Semurb) para uma força-tarefa em 139 quarteirões.
Os mutirões acontecem amanhã, dia 8, e no próximo domingo, dia 15, sempre a partir das 9h. Amanhã serão 71 quarteirões, sendo 26 no Jardim Morada do Sol e o restante no Parque das Nações, Tancredo Neves e Jardim Alice. No dia 15, serão 64 quadras nos bairros São Conrado, Teotônio Vilela e de novo Jardim Morada do Sol.
A meta é vistoriar 85% dos imóveis, pelo menos – normalmente, os agentes conseguem entrar apenas em 50% das residências. “Sei que a ação causa transtornos, mas pedimos colaboração das pessoas, pois estamos em localidades em que temos casos confirmados ou suspeitos, e deter a disseminação é de interesse de todos”, pede Bernardinetti.
Caminho da Luz
A Tribuna esteve no bairro Caminho da Luz, onde um caso já foi confirmado e outros sete aguardam resultados de exames. A mãe de uma adolescente com suspeita da doença conta que o médico que atende na região não atendeu nas últimas semanas e, por isso, precisam se deslocar até a Unidade Básica de Saúde (UBS) de Itaici. “Pelo menos 20 pessoas precisaram ir até lá porque estão com os sintomas da doença”, revela a auxiliar de limpeza Célia Regina. “Dessas, até onde ficamos sabendo, sete já fizeram o exame e estão esperando, mas, enquanto isso, está todo mundo de repouso, com dores e febre, e não podem ir trabalhar, está complicado”, acrescenta.
A jardineira Maria de Lurdes está preocupada com três pessoas de sua família. “Já fizeram o exame, tomaram remédio e estão de repouso, com febre, e nada faz passar”, comenta. “Minha filha já teve a doença no ano passado e é muito parecido”, completa. Ela lembra que as equipes da Vigilância foram ao bairro e fizeram a limpeza nas residências. “Mas temos um matagal próximo às casas que jogam sacolas e lixo, acho que é de lá que vem o mosquito”, sugere a jardineira.
A Secretaria de Saúde confirma os casos suspeitos na região, todos aguardando retorno de exames do Adolfo Lutz, e um caso registrado. Também afirma que agentes de saúde foram ao local e recolheram possíveis criadouros.
Centro de Operações
Ainda na quarta-feira foi anunciada a criação de um Centro de Operações contra a Dengue, que será instalado no galpão do almoxarifado da Secretaria, no Distrito Industrial Joia. O intuito é integrar em um só local todas as atividades relativas ao combate da doença, agregando ainda novas tecnologias e ferramentas que o município já possui em outras secretarias. “Queremos aumentar a eficácia do trabalho de prevenção e agilizar a tomada de decisão em situações de risco”, justifica Ulisses.
Ele deve começar a funcionar até o fim de abril, num prazo de 50 dias, e concentrará um banco de dados alimentado por fontes como o sistema de monitoramento do Aedes aegypti no Estado de São Paulo (Sisaweb), cadastro do IPTU para identificação de proprietários de imóveis, sistema Geocidades de localização territorial, sistema de georeferenciamento para confecção de mapas com casos de dengue e áreas de risco, cadastro de terrenos baldios e de casas com piscinas fixas e sistema Terraview de territorialização de setores censitários do IBGE, entre outros, além da coordenação das funções usuais do Programa de Controle da Dengue como vistorias, envio de notificações e autuações.