Publicado em: 06/09/2017 14h40 – Atualizado em 08/09/2017 18h08
Peru e a Arqueologia 1
Carlos Gustavo Nóbrega de Jesus é Superintendente da Fundação Pró-Memória e Doutor em História Cultural e Pesquisador da Unicamp/IFCH.
No mês de julho, em parte de minhas férias fui convidado para dar uma palestra em Lima, no Peru. Fui falar sobre a influência africana na arquitetura paulista, alvo de minhas últimas pesquisas. Logicamente que aproveitei para falar da Fundação e do trabalho que desenvolvemos aqui. Novamente, como em outros lugares, aqueles que assistiram a minha fala ficaram surpreendidos com o trabalho desenvolvido, com a estrutura da Fundação, as atividades de ação educativa no Arquivo e Museu, bem como nossa política de divulgar e envolver a comunidade na preservação do Patrimônio Cultural local. Segundo eles não há uma congênere em todo país. Pensei comigo que havia uma certa simpatia em tal afirmação, simpatia de anfitrião para agradar o convidado. No entanto, passei dez dias no Peru, perambulando por museus, sítios arqueológicos e arquivos, e realmente não achei nada que se aproximasse do trabalho que fazemos aqui em Indaiatuba. O Museu do Largo, Museu Nacional de Arqueologia, Antropologia e História do Peru, em Lima e o Museu Inca em Cuzco são exemplos de estruturas museológicas de caráter etnográfico. Especializados em cultura pré-incaica são muito organizados do ponto de vista expográfico e guardam resultados de pesquisas de ponta. No entanto, não vi nenhuma instituição como a nossa, voltada para se pensar a preservação, a guarda e acondicionamento de documentação tridimensional e de papel, tendo como foco principal o envolvimento e a conscientização da comunidade. Mas, por outro lado, aprendi muito e percebi que estamos atrás no que se refere à pesquisa arqueológica. Isso não só no caráter municipal, mas estadual e federal também. O incentivo à pesquisa arqueológica naquele país é enorme, não é à toa que Cuzco é denominada como capital Arqueológica da América do Sul. Mas aí você leitor vai dizer, “mas eles tiveram a cultura Inca, com um desenvolvimento incrível, o que justifica a presença de vários sítios Arqueológicos e facilita a captação de recursos, inclusive internacionais “… Essa é uma afirmação baseada em nosso senso comum, tal como aprendemos na escola, mas que carrega dentro de si uma série de juízos de valor que não combina em nada com a arqueologia e a história. Desta forma, a partir das próximas colunas vou compartilhar com vocês leitores a aprendizagem que tive nesses centros de pesquisa e como poderei usar tal aprendizado para implantar ações semelhantes em nosso município, por meio da Fundação Pró-Memória.
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