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39703 Arqueologia No Brasil Parte Ii

Leitura obrigatória

Publicado em: 04/01/2018 12h57 – Atualizado em 05/01/2018 18h52

Arqueologia no Brasil – Parte II

Carlos Gustavo Nóbrega de Jesus é Superintendente da Fundação Pró-Memória e Doutor em História Cultural e Pesquisador da Unicamp/IFCH



Como se viu no último artigo, a Arqueologia foi uma das ciências privilegiadas por D. Pedro II para a construção científica do que seria o homem brasileiro. Por isso deve-se destacar o incentivo às iniciativas do dinamarquês Pete Lund, tido como o pioneiro das teorias arqueológicas no Brasil, já que Lund, foi admitido pelos o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro um ano após sua fundação em 1839. Para ele o povoamento da América do Sul seria muito antigo, ou seja, sustentava a hipótese contrária que o homem americano teria origem no Velho Continente.
Lund convenceu-se da antiguidade do homem americano depois de achar ossadas humanas em 21 de abril de 1843, em Lagoa Santa em Minas Gerais. No local descobriu mais de 30 esqueletos humanos e chegou a criar uma teoria do chamado “homo lagoassantensis”, o que foi contestado com o avançar da ciência. Os esqueletos do chamado Homem de Lagoa Santa não passam de 12 mil anos. Recentemente, no interior do Piauí, em São Raimundo Nonato, foram achados esqueletos com 35 mil anos e, em Goiás, com mais de 70 mil anos, datados pelo Carbono 14.
Além de Lund, expedições como de Ferreira Penna, que documentaram pela primeira vez sítios da cultura marajoara; as escavações de Rath nos sambaquis paulistas em 1876 e as de Carlos Wiener e Roquete Pinto nos sambaquis do sul brasileiro em 1876, mostram o efervescente dinamismo da Arqueologia no Brasil nos fins de XIX (MENDONÇA DE SOUZA, 1991 / BARRETO, 1999 – 2000). Ficou a cargo dos Museus a responsabilidade de receber e construir parte desse conhecimento, talvez por isso a primeira síntese de arqueologia e pré-história brasileira: Investigação sobre a Archeologia Brasileira (1885) tenha sido assinada por Ladislau Neto, diretor do Museu Nacional.
No entanto, entre as definições a respeito da Primeira República (1889-1930) está o fato de seus idealizadores buscarem a romper com tudo que remetesse às iniciativas imperais, talvez por isso as pesquisas arqueológicas tenham sofrido uma entressafra nesse período, o que se refletiu nos Museus, que nesse momento direcionaram seu olhar para a História Natural.
Esse é caso do Museu Paulista, fundado em 1894, que tinha seu projeto cientifico mais rígido e estrutural aos moldes alemães, através do seu diretor, o zoólogo Hermann Von Ilhering e do Museu Paraense, reformulado por Emílio Goeldi, zoólogo suíço. Tal situação iria começar a mudar somente a partir dos anos 1930, tema do próximo artigo.

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