Tema sugerido que tem grande importância nos dias de hoje. Não se refere há uma situação específica, mas a um querer generalizado: a pessoa não tem vontade, desejo de nada, nada a estimula. Vive uma alternância entre apatia e tristeza. “Está tudo bom, mas nada tem sabor” foi uma das definições dadas. É o “tanto faz como tanto fez”. Encontrar novamente a motivação para o viver, esse é o grande e árduo desafio.
A quantidade de pessoas que estão fazendo por fazer e sem nenhuma vontade, apenas porque ainda são responsáveis e sabem que necessitam desempenhar funções é enorme. E o fazem com muito capricho e competência, apenas não sentem nenhum prazer no feito. Não possuem expectativas.
Em algum momento do passado uma ou uma sequência de respostas oferecidas pela vida foram extremamente dolorosas. Assustadoras. Repressões e críticas negativas constantes, demonstrações de desamor seguidas na infância podem ser a origem desse estado de ser. Desilusões muito intensas na juventude ou mesmo idade adulta também.
Embora ainda se use a palavra libido para referir-se à energia sexual, ela é muito mais ampla, refere-se à energia que impulsiona para a vida. Jung diz que “a libido é em geral, toda a energia mental do homem”, um esforço direcionado para algo ou alguma coisa. A perda do querer é o impedir a fonte de energia interna de se manifestar, forma de autopreservação. Se não quero não sofro por não me ver atendido. Simples assim a colocação, dificuldades grandiosas para se modificar isso. A intensidade do medo que está por trás de tudo isso é quase infinita.
Muito tratado como depressão, ou mesmo como distimia, estado depressivo leve e que não impede que as pessoas continuem vivendo normalmente, elas apresentam baixa ou nenhuma auto-estima, reclamam muito e tem uma visão negativistas da vida. Costumam se isolar e possuem um sentimento de rejeição pelos outros.
Por mais que se medique, a medicação é complementar ao tratamento, não é o tratamento. Há uma grande dificuldade das pessoas identificarem que esse estado possui uma intensa energia atuando para mantê-las assim. O desafio da “cura” é perceberem a necessidade e possibilidade de se inverter a direção dessa energia. A mesma energia que reprime é a que impulsiona e motiva ações.
A dificuldade de admitirem que o medo é tão grande é que os impedem de acreditar nas possibilidades favoráveis e então começarem a experimentar novas situações, identificarem pequenos desejos e assim sucessivamente. O vício do reclamar e o negativismo são importantes instrumentos que utilizam para se manterem protegidos e não se arriscarem.
É interessante observar como essas pessoas geram ao redor um comportamento dos demais que dão a elas uma maior certeza de que o mundo não as acolhe. Não percebem que são geradoras do próprio meio e que suas condutas, se privando de se exporem, não dando suas reais opiniões, não defendendo seus pontos de vista, consequentemente não sendo percebidas pelos demais como gostariam de ser. Como isso poderá acontecer se não se mostrarem?
Iniciar a inversão de direção dessa energia pode ser através do acreditar que merecem sim terem boas vivências, desligarem-se das queixas e sempre que vier um pensamento negativo sobre algo, usar isso para pensarem no oposto. Por exemplo: “Não vou porque só vai ter pessoas chatas.”, inverter: “Pode ser que encontre pessoas agradáveis lá.”
Criar uma rotina diferente, mesmo ainda sem grande vontade, então será necessário um esforço, quase uma imposição: “Eu vou ao cinema, ao clube, à festa…” e também estar aberto para aproximações. As pessoas não são inimigas, apenas são elas mesmas, algumas são simpáticas, outras não.
Lidar com as decepções sem dar grande peso a elas. Se algo que se quer muito não é possível, frustra sim, mas não é o final dos tempos. Partir para outra. Também ajuda começar a reconhecer seus próprios atos como importantes e significativos.