Publicado em: 24/11/2016 09h51 – Atualizado em 05/12/2016 10h31
Maternidade: marcos da evolução da saúde
Espaço foi idealizado depois na inauguração do Haoc e fazia cerca de 20 nascimentos ao mês
Indaiatuba completa 186 anos, mas a história da medicina na cidade é mais recente. Na década de 1930, segundo relatos de entrevistados pela Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, os indaiatubanos precisavam ir até os hospitais das cidades vizinhas, como Campinas, ou eram analisados por farmacêuticos do município. A primeira unidade médica da cidade foi o Hospital Augusto de Oliveira Camargo (Haoc), que iniciou suas atividades em 1933.
A tradição de ser analisada por farmacêuticos permaneceu, porém, mesmo após a abertura do Haoc. Um desses farmacêuticos era Luiz Carlos Sannazzaro, formado pela Universidade Paulista (USP), que começou suas atividades na cidade em 1936, segundo Antônio Reginaldo Geiss, em depoimento cedido ao Pró-Memória na data de 8 de outubro de 1994. Geiss conta que Sannazzaro gostava de trabalhar na farmácia São José, lugar onde fazia remédios e inovações. “Muitos familiares, antes de levar seus filhos e parentes para os médicos e hospital em Campinas, os levavam até o Luiz para ele dar uma olhada. Se não fosse um caso que ele resolvesse, ele encaminhava a Campinas, mas o Luiz sempre curou muito bem”, afirmou Geiss.
A esposa do farmacêutico, Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro, contou em depoimento colhido na mesma data como ela e seu marido fizeram parte da construção da primeira maternidade da cidade, na década de 1940, chamada Albertina Sampaio de Paula Leite. “Além de farmacêutico, Luiz era vereador e ele sabia das dificuldades das gestantes por não ter maternidade na cidade. Elas eram atendidas em casa, por parteiras”, recordou. “Naquela época, o Luiz resolveu pedir ao meu irmão, que era prefeito da cidade, o Lito, um terreno para construir a maternidade. Nós conseguimos uma área na Rua Ademar de Barros, onde hoje é o Fórum. Tinha um primo nosso que era deputado, o Nico de Paula leite, e o Luiz pediu a ele uma verba para a maternidade também”.
Para a maternidade sair do papel, Sylvia e um grupo de pessoas começaram a fazer festivais de teatro e demais eventos, como noites de gala, para levantar verba. “Eu e o Luiz, com o Guerino Lui, reuníamos crianças do grupo escolar e apresentávamos teatros em Indaiatuba, Salto e Itu. Com isso, conseguimos arrecadar verba para fazer o alicerce. Depois levantamos as paredes, colocamos portas e janelas. Cada festival era para uma finalidade e, com o auxilio da verba do deputado, fizemos a inauguração e tivemos a doação de camas, armários, material cirúrgico e demais equipamentos do Hospital Matarazzo, de São Paulo. Também fizemos festivais para conseguir louças, roupas, cobertores e lençóis”, citou. “Por teatro chegávamos a arrecadar de 60 a 80 reis”. A maternidade demorou cerca de dois anos para ficar pronta e se chamou Albertina Sampaio de Paula Leite, que era o nome da mãe do Nico”.
Ainda segundo a história, um dos motivos da maternidade ser construída era porque no Haoc não podia ser feito o parto cesárea, pois as freiras que tomavam conta da unidade não permitiam, tinha que ser parto normal. Porém, quando o Haoc começou com os serviços de parto cesárea, a maternidade foi acabando. “A pressão dos médicos para que os partos acontecessem no hospital acabou fazendo com que a maternidade fechasse”, contou Sylvia em depoimento.
Segundo relatos, na época os médicos Jácomo Nazário, Edmundo Lima Pontes e Pedro Maschieto chegaram a realizar partos no local. Depois, o prédio deu espaço a uma pré-escola da Prefeitura e também foi um barracão da Igreja Santa Rita, até dar lugar ao Fórum, que funciona até hoje no local.
Também na maternidade da cidade, com algumas enfermeiras que ajudavam nos partos (Crédito: Divulgação Dinossauros Indaiatuba)

Enfermeira posa no prédio, ainda na época da maternidade (Crédito: Divulgação Dinossauros Indaiatuba)

Maternidade (Crédito: Divulgação Dinossauros Indaiatuba)

Maternidade (Crédito: Divulgação Dinossauros Indaiatuba)
Roberto Sfeir foi o primeiro ginecologista formado da cidade
Werner Münchow

Hoje com o Hospital Samaritano, Santa Ignês investe em modernização dos atendimentos

Hoje com o Hospital Samaritano, Santa Ignês investe em modernização dos atendimentos
O primeiro médico ginecologista formado de Indaiatuba foi Roberto Sfeir. O médico nasceu em Indaiatuba, no ano de 1939. “Eu nasci na minha casa, na Rua Candelária, não tinha a maternidade ainda. Quando construíram o hospital, o primeiro que estreou foi o cardiologista Antônio Cordeiro, que nasceu lá”, conta o médico.
Sfeir estudou Medicina no Rio de Janeiro de 1966 a 1971. “Em 1972 e 1973, fiz as residências de Ginecologia e Obstetrícia, e em 1974, voltei para Indaiatuba. Naquela época nasciam 20 bebês por mês na cidade”, relembra. Hoje, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, nasce uma média de xx bebes ao mês. “Na época em que vim para Indaiatuba (1974) era difícil, a verba era muito restrita. Eram sete médicos no hospital, cada médico fazia um plantão por dia, à distância e gratuito. Na época, o falecido prefeito Romeu Zerbini quis montar um pronto-socorro municipal no Haoc e ele me convidou, junto com a assistente social Domingues. Era difícil porque precisávamos chamar médico de fora”.
UBS
O médico conta que em 1976 entrou outro prefeito e ele teve que deixar o pronto-socorro. Além de médico, Sfeir foi vereador durante dois mandatos e foi secretário municipal de Saúde de 1983 a 1988, e de 1992 até 1994. “Em 1982, teve eleição e fui convidado pelo engenheiro José Carlos Tonin para ser vice-prefeito. Ganhamos e fui chamado para ser secretário de Saúde. Na época, tínhamos um posto de saúde regido pelo Estado, na Avenida Presidente Vargas, e tinha um posto da prefeitura na Cecap. Tínhamos uma dificuldade muito grande porque todas as vacinas e campanhas se concentravam no posto de saúde do Estado”, recorda. “Em contato com o secretário da Fazenda, conseguimos uma verba e aluguei uma casa no Jardim Morada do Sol, onde colocamos mais um posto, depois no Parque Indaiá e em Itaici, e, com isso, unimos os serviços do Estado e do Município, e regionalizamos os atendimentos por bairro”, conta. “Na época também montei o primeiro raio-X da cidade, onde hoje é a sede do Saae. No local, funcionava o posto de saúde de especialidades e o laboratório municipal. Também montei uma estrutura para encaminhar os casos complicados a Campinas. Perdemos a próxima eleição e acabaram com o centro de especialidades”, lamenta Sfeir.
Hospital Dia
Em 1986, a cidade ganhou o projeto de um novo hospital, onde hoje é o Hospital Dia, mas a construção não evoluiu. “Na época, prevíamos o crescimento da população e precisávamos aumentar os leitos, por isso queríamos construir um hospital municipal que iniciaria com 50 leitos, mas com capacidade para até 200. Tínhamos um projeto de um hospital fabuloso, entramos com o pedido de verba ao Governo Federal, por meio do Fundo Nacional de Assistência Social (FAS), e a Prefeitura daria 30%. A construção seria de quatro milhões de cruzeiro. Porém, acabou nosso mandato e o dinheiro não veio, dai o local virou a Fiec e hoje é o Hospital Dia”, fala Sfeir.
Em 1992, Sfeir foi eleito vereador e convidado de novo para assumir a Secretaria Municipal de Saúde, mas recusou. “Em 1996, fui eleito novamente e fui convidado pelo Reinaldo Nogueira, para assumir a Secretaria de Saúde e aceitei. Na época, voltou o raio-X, o laboratório municipal. Também instalamos no Jardim Morada do Sol o laboratório de especialidades de pediatria. Uma grande aquisição disso tudo foi a interligação entre o parto e o acompanhamento das crianças, que era o serviço de pediatria especializado”, prossegue. “Uma equipe da Prefeitura anotava os partos e avaliava se a família tinha recurso, e se a criança nascia bem, dependendo da situação a família teria que levar a criança toda semana para fazer o acampamento, esse programa ficou conhecido como Nascer Bem e com isso diminuiu muito a mortalidade infantil. Fui secretário de Saúde de 1983 a 1988 e de 1992 até 1994. Depois desse tempo sai da política. Continuei fazendo serviços e atuei como ginecologista na cidade até 2003, arrumei um serviço em Minas Gerais e fui trabalhar lá ”, conclui.
Samil foi primeiro convênio e depois virou Santa Ignês
Werner Münchow

Ampliação do Santa Ignês aumenta atendimentos

Ampliação do Santa Ignês aumenta atendimentos
O Hospital Santa Ignês, que recebe a administração do Samaritano, chegou em Indaiatuba entre 1970 e 1975, na época como Hospital Samil. Em 1982 a unidade passou a ser o Hospital Santa Ignês. “Era um grupo de médicos que tinha um plano de saúde e hospital, o Samil. O plano de saúde orbitava no hospital, a unidade foi crescendo e passou a atender outros convênios de saúde e assim virou o Santa Ignês. Nós viemos para cá em 2011, com o hospital e o plano de saúde Samaritano, e hoje tanto o hospital como o plano de saúde estão crescendo na cidade”, comenta o diretor do Santa Ignês e Samaritano, doutor Ricardo de Caprio.
Caprio conta que quando a diretoria do Samaritano chegou ao Hospital Santa Ignês, o que chamava a atenção era a qualidade o serviço prestado, que era de bom nível. “Não tínhamos reclamações sérias quanto à qualidade do atendimento, mas melhoramos isso com a adequação dos funcionários, capacitação dos gestores nas áreas especificas, trouxemos mais profissionais, trouxemos o conceito de hotelaria. Esse serviço de hotelaria não existia antes. Na hotelaria você acopla o serviço de nutrição, limpeza e higiene. Ampliamos bastante a quantidade e qualidade dos quartos, com o intuito de parecer mais um hotel do que um hospital para o paciente e seus familiares”, explica Caprio. “Antes, tínhamos uma UTI muito pequena, de apenas quatro leitos, que não dava vazão. A primeira atitude foi construirmos uma UTI nova, de seis leitos, nos seis primeiros meses que chegamos aqui. Também trouxemos a UTI neonatal e a pediátrica que a cidade não tinha e hoje temos 11 leitos”.
Ao longo desses cinco anos, já foram investidos na reforma do hospital e nas novas instalações R$ 35 milhões. Entre os benefícios da mudança, o Samaritano começou a prestar serviços de cateterismo. “Percebemos que precisávamos agregar mais serviços de maior complexidade. Fomos um dos primeiros a fazer cateterismo aqui, há três anos. Fomos evoluindo, construímos mais duassalas de cirurgia, compramos um tomógrafo que colocamos na urgência do hospital”, cita. “Em todas as áreas médicas investimos. A cirurgia vascular é outra coisa que o Santa Ignês precisava ter e com a máquina de hemodinâmica hoje o hospital faz cirurgia endartéria, começamos a fazer a colocação de prótese de carótida, prótese de aorta, femorais, são procedimentos vascular que o hospital começou a fazer nos últimos 12 meses”, ressalta Caprio.
Futuro
Além das reformas e dos novos leitos de UTI, que totalizam 25, Caprio conta que tem novidades para os próximos anos, como um estacionamento para até 215 carros e a construção de um espaço para partos naturais. “Existe a demanda na cidade de partos naturais e estamos preparando as áreas anexas ao centro cirúrgico para que este procedimento seja feito com segurança. A ideia é atender a expectativa, oferecendo um serviço de bom nível e segurança ao cliente”, enfatiza. “A demanda por serviços na área medica é crescente, o que percebo que nos próximos três ou quatro anos devemos ter outra ampliação no termo de áreas, vamos aguardar como evolui, mas estamos muito otimistas, é uma boa cidade”, conclui.
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