Publicado em: 07/12/2017 11h26 – Atualizado em 08/12/2017 14h29
Digitalização das salas demandou engenharia
Brasil foi último país a adaptar praça de exibição, após adotar o novo modelo internacional
Silva & Penna Imagens
Poltronas confortáveis, ar condicionado e som imersivo integram a experiência contemporânea de ir ao cinema
Poltronas confortáveis, ar condicionado e som imersivo integram a experiência contemporânea de ir ao cinema
Para que a digitalização fosse possível, Ancine (Agência Nacional do Cinema), distribuidores e exibidores passaram a se reunir para chegar a um modelo de negócio, o VCF (Virtual Print Fee, algo como taxa de cópia virtual). “O custo para uma parte da praça era muito alta, cerca de 80 a 100 mil dólares por projetor. Como não havia mais cópia em filme, cabe a distribuidora repassar a taxa para ajudar o exibidor a monetizar seu investimento”, explica Paulo Celso Lui, da Lui Cinematográfica. “Este valor é o equivalente à produção do filme em película, que não existe mais. O recolhimento do VCF começou em julho de 2015 e a previsão é de que, em sete anos, finalizamos o processo de digitalização da praça de exibição no Brasil”.
Paulo afirma que o modelo de negócio foi essencial para que grande parte dos exibidores, principalmente os pequenos e médios, não fechassem suas portas. “Estimamos que 90% não possuía capital para executar esta mudança, que contou ainda com o apoio da Ancine, que aportou dinheiro do Fundo Setorial do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)”, explica. “Para controlar tudo isso foi criada a figura do integrador, que adquiriu 1.200 projetores com esta verba. Cabe então ao exibidor pagar a ele o empréstimo com o VCF, que é devolvido ao governo federal”.
O Brasil conta atualmente com 3.150 salas, todas digitalizadas. “O filme era mecânico e a película se desgastava. Esta era acabou e era preciso se adequar. Hoje não enfrentamos mais estes problemas”, lembra Lui, que destaca: o atual sistema não é livre de falhas. “Um computador comanda todo o sistema e podem surgir outros problemas, entre elas a falta de energia. Mas em termos de projeção, ela é muito mais clara, limpa e com um som acima da média”.
Entretanto, ressalta Paulo, a tecnologia de projeção não é suficiente. “São necessárias poltronas confortáveis, projeção e som de qualidade e um atendimento diferenciado ao público. Sem estes detalhes, de nada adianta a tecnologia”, aponta. “Nosso relacionamento com o cliente é reconhecido até mesmo pelos grandes exibidores”.
A bomboniere também trouxe novidades. “Hoje oferecemos combos temáticos e itens colecionáveis. Mas este mercado ainda cresce no Brasil”, conta Paulo. Uma tecnologia, em especial, ainda representa uma incógnita para o mercado. “O 3D começou bem, principalmente com Avatar, mas logo tiveram início as conversões, que não são exatamente satisfatórias”, revela. “Em minha opinião, devíamos ter de seis a oito filmes em 3D por ano, que ofereçam uma experiência realmente diferenciada”.
Ainda falando em tecnologia, atualmente o Topázio Cinemas recebe os filmes via satélite, que ficam armazenados em um servidor e cujas exibições são liberadas mediante senha. “É um sistema mais rápido e seguro. Nada mais é físico. Em Indaiatuba, os shoppings Polo e Jaraguá contam com o sistema via satélite”. Outra novidade é o aplicativo para smartphones, que permitem conferir a programação e adquirir o seu ingresso pela internet.
Sobre os canais de streaming, que vem sendo crescendo exponencialmente e apostando em produções originais de alta qualidade, Paulo é enfático. “Mesmo que a janela entre a chegada do filme aos cinemas e seu lançamento nos provedores via streaming seja encurtada, acredito que o cinema sempre será diferenciado, com seu som mais imersivo e uma experiência melhorada. No entanto, é preciso ressaltar que o cinema precisa contar boas histórias. É isso que o público espera”.
Para encerrar, Paulo lembra que a mais recente novidade é o advento das Salas VIP, que agregam diversos outros serviços. “Disseram que a televisão acabaria com o cinema. Depois, foi a vez do videocassete e do DVD. Hoje, são os VoD (vídeo on demand). E o cinema continua de pé, reunindo e encantando o público como na sua primeira exibição”.
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